Anitta está na trilha sonora de Fast and Furious 9, a sequência super aguardada da franquia de um dos filmes mais famosos de Hollywood. Assim como Nicky Jam, que reconhece a sequência de filmes como um dos grandes responsáveis pela globalização do reggaeton. Um dos responsáveis por isso? Vin Diesel, que agora aposta na própria carreira musical.
F9 estreia nos Estados Unidos no dia 25 de junho, enquanto no Brasil o filme chega um mês depois, no dia 22 de julho. Não apenas para falar da estreia do novo filme, Diesel, Nicky Jam e Anitta se reuniram para falar à Billboard sobre como a franquia ajudou a acelerar o crescimento da música latina na cultura pop. Desde que se tornou um dos produtores da franquia de Velozes e Furiosos, em 2009, no quarto filme da saga, Diesel escolheu grandes nomes da música latina para a trilha sonora, além do próprio longa ser filmado na República Dominicana.
As trilhas sonoras de cada filme produziram inúmeros sucessos. O exemplo mais óbvio é See You Again, de Wiz Khalifa com Charlie Puth, em 2015, mas a soundtrack também alavancou muitas canções de artistas não norte-americanos. “Você não pode pensar isso em outra franquia do cinema. Fast é a única franquia original de Hollywood que tem o multiculturalismo em seu DNA”, disse o vice-presidente de marketing global da Universal Pictures.
De fato, ao longo dos anos, o filme se tornou uma espécie de representação e vitrine para nomes latinos e urbanos na cultura pop, não apenas na música, mas também nas telas. “A música cultural é importante, independente de onde venha”, disse Diesel. “A música cultural tem uma verdade. O reggaeton, em particular, quando foi projetado pela primeira vez do movimento undergorund para a aceitação comercial há 20 anos, era música vinda do asfalto, que representava um movimento, um estado de espírito.”
Nicky Jam relembra quando viu o quarto filme da saga, em um cinema em Porto Rico, ficou impressionado por ouvir Bandoleros, de Calderón e Don Omar, na trilha sonora. Mais ainda quando, no filme seguinte, viu os dois em cena. “Como cantor de reggaeton, senti inveja”, lembra. “Pensei: ‘se eles fizeram isso, eu vou fazer também’. Mas nunca imaginei que conheceria Vin Diesel. Nem conseguia acreditar que Don Omar o conhecia! Vin Diesel, esse cara, sabia da nossa música?”.
Nicky Jam não participa da trama em F9, mas está na trilha sonora assim como Anitta, que canta Furiosa. “Na verdade, Furiosa foi feita especificamente para o filme”, contou a brasileira. “Eles me disseram que o conceito era de uma mensagem forte, poderosa e feminina que falava sobre força e agressividade de uma maneira positiva, bem relacionada com o filme. Adorei porque é muito eu! Você sente as vibrações da velocidade, corrida, aceleração dos carros”, contou.
“É muito difícil ver filmes filmados no Brasil”, reforçou Anitta. “Além disso, todo mundo está sempre dizendo que a música latina está explodindo e por isso é tão fácil pra mim, e eu fico tipo ‘eu sou brasileira! Eu nem sequer falo espanhol!’. Eu tive que aprender espanhol. Nós nem ouvimos música latina. É uma coisa totalmente diferente! Para mim, estar aqui, é muito difícil. Quantos brasileiros você já viu aqui?”, questiona. “Um filme comercial, global, acredita na nossa música?”, completou Nicky Jam. “Isso nos coloca automaticamente nos holofotes. Muitos latinos acham que é normal estarmos em Hollywood… Não é normal não, cara! Você não entende o quão grande isso é!”.
“Meu personagem [Dominic] é dono de um armazém”, conta Diesel. “Quando fiz o filme pela primeira vez, em 1999, como ator, eu senti que deveria ir para Cuba porque meu personagem tem sangue cubano. Fui para Havana antes de filmar para me conectar com o personagem. Poderia ter dado a ele outro histórico, mas ele era assim. É daí que vêm todos os valores familiares”, explicou.
O ator enfrentou dificuldade de conseguir papeis no anos 90 porque não era branco o suficiente, negro o suficiente e nem latino o suficiente. Foi quando retornou a trama, depois de recusar os segundo e terceiro filme por não acreditar no desenvolvimento dos personagens, que Diesel incluiu artistas latinos. “Foi parte da construção dessa família multicultural”, relembrou.
“Estamos atendendo às necessidades do filme. Se, ao fazê-lo, trabalharmos com artistas que têm seguidores nas redes sociais de grande impacto, é uma vitória geral. Mas nossa primeira consideração é: queremos a melhor música possível, mais relevante, mais legal e de ponta que pudermos no filme. ” disse Mike Knobloch, presidente da música cinematográfica e publicação musical da Universal Pictures.
Esse é um dos motivos que torna a franquia única. As canções que integram a trama são, na sua maioria, feitas especialmente para momentos específicos da história. A soundtrack de F9 inclui muitos nomes do hip-hop que são estabelecidos nos EUA principalmente. Mas a representação latina é bem forte e longe, ainda, de ser algo típico em Hollywood. Apesar dos latinos representarem 29% das pessoas que compram ingressos para grandes filmes de Holywood, a ausência de artistas latinos nestes filmes é enorme – apenas 5% de personagens com alguma fala.
“Não acho que Hollywood foi capaz de avaliar o quão forte era aquela sede latina por um filme como este”, reconhece Diesel, “porque eles não vão para os bairros de Porto Rico. Eles não se estendem da mesma maneira. Mas isso sempre foi uma parte tão pura desta franquia.”
E é essa mesma mentalidade de Hollywood que o está levando a fazer mais de sua própria música. “Hollywood tem tantas condições; eles nem sempre oferecem oportunidades de ser totalmente livre de forma criativa ”, continua Diesel. “Na música, eu consigo.”
O cantor agora trabalha com a Sony Music para começar sua carreira musical. A ideia e processo dessa etapa na carreira de Vin Diesel acontece há pelo quatro anos e, desde então, o artista espera se sentir suficientemente preparado para começar a trabalhar como cantor.
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