Todo final de semana, a Latina Brasil traz uma dica de entretenimento ligado ao mundo latino e/ou hispânico.
A nossa primeira dica é pra quem procura uma série leve de comédia e sem muito compromisso. Cómo Sobrevivir Soltero é uma produção mexicana original da Amazon (Prime Video) e vem recheada de elementos atrativos para quem consome entretenimento latino. Inspirada na vida de Sebastián Zurita, ator que criou a história com o irmão Emiliano Zurita, a série acompanha a versão fictícia dele mesmo com dez episódios de duração curta, ou seja, dá pra ver rapidinho.
Em Cómo Sobrevivir Soltero, Sebastián é um ator que fez muito sucesso no México com um filme adolescente chamado Despacha2, onde protagonizou ao lado de Lucia, sua namorada há dez anos. Porém, Lucia (interpretada por Pamela Almanza) conseguiu outros trabalhos de maior prestígio nos anos seguintes, enquanto Sebastián se vê como um ator conhecido por apenas este filme lançado há uma década.
No primeiro episódio, Sebastián está a caminho da pré-estreia de uma versão comemorativa de Despacha2, dessa vez em 3D. A primeira piada, ainda que feita de forma indireta, é justamente essa: a necessidade de relançar versões e mais versões de um produto que fez sucesso há anos. Neste caso, trata-se de um filme adolescente, mas a crítica cômica pode servir pra quaisquer outras produções existentes no mundo do entretenimento.
Voltando ao primeiro episódio da série, Sebastián tem o plano de pedir a namorada em casamento depois da exibição do filme, na coletiva de imprensa. Já na primeira cena da série, somos apresentados aos cinco amigos desajustados de Sebastián, que o ajudam a organizar a surpresa à Lucia. Como é mostrado no próprio trailer, Sebastián descobre, na frente de toda a imprensa, que foi traído pela namorada. Aí está o pontapé inicial da trama: a luta para sobreviver solteiro depois de dez anos em uma única relação. Os amigos, como bons companheiros “malucos”, dão o ombro necessário para este momento de coração partido à Sebastian, mas com muitos conselhos que o colocarão em situações absurdas.
Quem é fã de RBD tem um motivo a mais para curtir a série. No segundo episódio, por exemplo, Christian Chavez aparece interpretando ele mesmo (mas também em uma versão fictícia) onde comanda um grupo de “terapia do riso”. “Christian Chavez do RBD? Acho que ele cansou de ser Rebelde” é uma das piadinhas que os personagens dizem ao longo do episódio. Há diversas referências ao grupo durante a participação de Christian e quem acompanhou a novela, a banda e todas as “polêmicas” (como eu), pode dar boas risadas com os diálogos trocados. Há um episódio mais avançado onde Maite Perroni e Poncho Herrera também aparecem interpretando versões fictícias deles mesmo. Lembre-se: o personagem principal é um ator mexicano, ou seja, as tirações de sarro com os bastidores desse mundo “de glamour” estão sempre presentes.
Os enredos dos personagens da trama podem parecer óbvios e, muitas vezes, totalmente “fora do normal”. Mas, dentro do contexto da série, eles fazem sentido. Além das piadas acerca do universo da atuação e de celebridades (como exigências malucas em sets de filmagem e diretores com síndrome de “gênio”), a base principal da comédia é relacionamentos entre millenials. Ter que se “virar” em aplicativos, encontros às cegas, sofrimentos pós desilusões amorosas e cobranças em um relacionamento longo são os temas principais. Entretanto, assuntos como machismo, homofobia, abusos psicológicos, entre outros, são discutidos ao longo dos episódios ainda que de maneira sutil e cômica, respeitando todo o contexto da série. Afinal, uma produção específica para o público millenal não pode deixar de abordar assuntos sociais.
A trilha sonora mistura diversos ritmos e não ficam apenas naquelas que são mais populares ou comerciais. Apesar delas estarem presentes, é um bom momento para conhecer artistas além do mainstream latino.
Por fim, mais um ponto positivo é a fuga do “esteriótipo” mexicano. Sem abordar cartel de drogas ou gêmeas que são casadas com irmãos, Como Sobrevivir Soltero é uma produção com um tema universal. Até poderia ser feita por atores americanos vivendo em Nova York, mas não seria tão engraçado e diferente como é.
*Esse artigo é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião da Latina Brasil.
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