A nova edição da Out Magazine traz Ricky Martin estampado na capa e, como a própria revista publicou, nos dá boas vindas à “revolução do cantor”. O porto-riquenho posou ao lado do marido Jwan Yossef e falou sobre a vida familiar, medos durante a pandemia, planos de carreira e outros assuntos abordados na própria casa do cantor, na Califórnia (EUA).
Quando a pandemia passou a assustar o mundo inteiro e nos obrigou a parar grandes eventos e planos que tínhamos para o ano inteiro, Ricky Martin precisou enfrentar grandes medos. Em turnê com a Movimiento em Porto Rico e os preparos para a turnê com Enrique Iglesias, o cantor revelou que pensou que nunca mais poderia fazer um show na vida.
“Tive um processo de luto sobre abrir mão da possibilidade de um dia me apresentar para 20 mil pessoas outra vez. Isso é o que diziam… Para mim, fiquei ‘mas eu não sei fazer mais nada além disso'”, conta. “Sempre acreditei que seria capaz de seguir me apresentando pelo tempo que eu quisesse. Mesmo que parecesse ridículo estar no palco aos 70 anos com uma bengala. Mas era uma opção minha. Aparentemente, depois, não era mais”.
O projeto PausaPlay foi um reflexo desse processo difícil. A primeira parte, Pausa, lançado há poucos meses, traz músicas delicadas e fortes, com parcerias como Sting e Carla Morrison. Aliás, é o primeiro álbum inédito do cantor em cinco anos.
Enfrentando os anseios de uma pandemia de uma maneira minimamente positiva, Ricky Martin pode passar muito mais tempo com a família. Ao lado do marido Jwan Yosef, o cantor fala à Out Magazine sobre a vida familiar, isso é, Yosef e os quatro filhos. “Olha, eu me tornei pai quando tinha 35 anos, não é a mesma coisa quando você tem 48”, conta. “Você necessita de energia! Eu sou forte, pode acreditar, sou saudável – carrego dois bebês ao mesmo tempo e o carrinho e a mochila – mas isso é muito. É uma responsabilidade grande”.
Sem dúvida ter filhos é algo que exige muito trabalho e atenção, principalmente quando você tem quatro. Mas nem por isso Ricky Martin descarta a possibilidade de aumentar a família. “Há momentos que eu quero ter mais dez filhos, mas aí tem aquelas manhãs que está todo mundo chorando e eu fico ‘ok, talvez o suficiente seja apenas seis’, brinca.
É um dos sintomas que o cantor tem por um antigo medo carregado de preconceito e que muitas pessoas passam pelo mesmo ainda hoje. “Sempre tive vontade de ser pai e por muitas e muitas vezes tive um pensamento de que, por ser gay, e ainda não assumido, não seria capaz de ser pai”, conta. “Obviamente a adoção é uma opção e é algo lindo, mas ainda é muito difícil para gays adotarem em alguns países”.
Essa é uma das causas que o cantor luta na organização criada em 2000, Ricky Martin Foundation, voltada para os direitos de crianças e jovens e que ajuda a combater o tráfico delas. “Seria horrível ter uma plataforma de mídia que alcança 75 milhões de pessoas que me ouvem e não falar sobre o que elas precisam saber”. O ativismo também vai além da organização e um exemplo recente é quando ele voltou à Porto Rico, no ano passado, para participar das manifestações que pediam renúncia do governador Ricardo Rosseló. Na época, mensagens de corrupção e de cunho misógino e homofóbico foram expostas, inclusive, que mencionavam o nome do cantor. Ele esteve presente em todos os protestos ao lado de mais de 2 milhões de pessoas que pediam justiça. Foram 15 dias até Rosseló renunciar.
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